Eterno Poema de Amor a Beleza

Eterno Poema de Amor a Beleza

domingo, 1 de julho de 2012

TRIBUTO A ZÉ MARCOLINO. FILHO ILUSTRE DA PARAIBA.

A Poesia nordestina não tem limites em sua beleza.

Tributo a Zé Marcolino

Ton Oliveira


Seu ofício era a arte de cantar
catedrático nas aulas da natura
cinturinha de abelha era a cintura
das morenas nas noites de luar.


Afiou-se na pedra de amolar,
mas a pedra da morte é afiada.
Ficou o barro batido da latada,
sem as marcas dos pés do dançarino.

Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada.


Bira e Fátima não param de gemer.
O serrote é agudo e está de prova
com o tempo secou caçimba nova
nunca mais o seu dono vai encher.

Quem botou Severina pra moer,
foi moído na última caminhada.
E a limpeza da sala rebocada
é a cara do povo nordestino.
Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada.


Foi parceiro de Lua e gravou disco
suas músicas passeiam por aí.
Triste pássaro carão do Cariri
que voou procurando o São Francisco
Um vem-vem voejando tão arisco
quando achou Pernambuco, fez morada.
Outro mito pisou Serra Talhada
e fez-se pó junto ao pó de Virgulino

Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada


Foi a vaca o motivo desse choro
sem querer nos causou tanta saudade
Um poeta tem mais utilidade
do que carne de vaca, leite e couro.
Era filho de Sumé e valeu ouro
criatura telúrica e inspirada
Escreveu um poema pra estrada
e sucumbiu nas estradas do destino.

Uma vaca matou Zé Marcolino
e eu não dava José numa boiada.


Nenhum comentário:

Postar um comentário